Edição e Produção de Vídeos: Renato Rocha Prado
Revisão de Conteúdo: Isabel Franson
Recentemente, a nova tendência das empresas está em prestar serviços financeiros variados. Empréstimos entre pessoas - a famosa vaquinha virtual - cartões pré-pago e várias facilidades de pagamentos com QR Code ou aproximação. Isso sem contar as empresas que nos ajudam a poupar nosso dinheiro ou a investir. De fato, essas chamadas #fintechs são uma inovação bem-vinda para o mercado brasileiro. Masssss precisamos ter cuidado... Muito cuidado!
O mundo das finanças é um mundo complexo. E nem todo lugar que você deposita o seu dinheiro é necessariamente um banco. Nem toda conta onde seu dinheiro está depositado é necessariamente uma #ContaCorrente. E é muito importante que a gente entenda (e possa diferenciar) quais são os tipos de contas existentes no século 21.
Por isso, fizemos um resumo para você do que é banco, banco digital e instituição de pagamento ou fintech. Também vamos explicar o que é uma conta corrente tradicional e o que é uma conta corrente digital. Sem falar na conta depósito.
Vamos explicar como funcionam, as suas vantagens e suas desvantagens, os riscos e se elas rendem mesmo três vezes mais do que a poupança, como vem sendo anunciado.
Parte 1 - Bancos tradicionais, Bancos Digitais e Instituições de Pagamentos/Fintechs
Um erro muito comum que os brasileiros cometem é achar que qualquer instituição que trabalhe com dinheiro é um banco. Um Banco é uma instituição financeira com funções bem definidas e com muitas regras a serem seguidas, pois eles são extremamente fiscalizados pelo Banco Central.
Para simplificar, vamos definir apenas o que é um Banco Comercial - que é o tipo mais básico de banco. Um Banco Comercial é toda instituição financeira que oferece uma conta corrente, presta serviços financeiros (como por exemplo oferecer uma linha de crédito) e tenha uma alternativa de CDB*. Esse é o mínimo para ser considerado um banco, mas apenas isso já é bastante coisa.
Além disso, os bancos podem ter variantes, como oferecer serviços de investimentos, serviços cambiais com moeda estrangeira, disponibilizar cadernetas de poupança e oferecer empréstimos e financiamentos para grandes projetos.
Se um banco oferecer qualquer um desses serviços adicionais, além daquele mínimo que falamos, ele é chamado de Banco Múltiplo. Os principais bancos do nosso país: Bradesco, Banco do Brasil, Itaú e Santander são múltiplos. Mas tem muito banco múltiplo digital também, como é o caso do Banco Inter.
A Nubank, por outro lado, é um caso particular. Chamado de Sociedade de crédito, financiamento e investimentos. É uma instituição financeira não bancária. Tem conta depósito ou digital, mas, oferece aplicações em CDB/RDB* e linhas de crédito. Portanto, cumpre apenas uma parte do que é ser um banco. Mas como não tem conta corrente, a Nubank - apesar do nome - ainda não é um banco digital. Mas oferece, sim, mais do que as instituições de pagamento e fintechs.
Veja esse quadro resumo elaborado pelo Banco Central (disponível em www.bcb.go.br):
Agora que entendemos o que é banco, vamos falar de Banco Digital.
Definindo o que é Banco Digital
Basicamente, um banco digital é parecido com qualquer outro banco tradicional, mas ele não têm agências e nem caixas eletrônicos espalhados por aí. Tudo precisa ser feito via App, Internet Banking ou Telefone. E, quando precisar sacar dinheiro ou depositar, você utiliza a infraestrutura de bancos parceiros, como a boca de caixa ou o caixa eletrônico.
Tirando essa questão da praticidade, os bancos digitais, na sua maioria, se assemelham bancos tradicionais: eles têm Conta Corrente, oferecem serviços bancários como empréstimos e financiamentos, fazem DOC, TED e PIX, alguns têm caderneta de poupança, muitos oferecem alternativas de investimentos como CDB e Fundos de Investimentos. Ah! E também atuam como Corretoras de Valores, permitindo que seus clientes invistam nas Bolsas de Valores.
A única fragilidade dos bancos digitais, na verdade, é a tecnologia. Como toda a operação deles é digital, o cliente depende de site ou aplicativo e, portanto, precisa ter um smartphone ou um bom computador para utilizar essas funções e, principalmente, acesso a internet - coisa que infelizmente, muita gente nesse país ainda não consegue arcar.
Por outro lado, os bancos digitais tem uma grande vantagem em relação aos bancos tradicionais: a maioria deles não cobra tarifa de manutenção de conta e o processo de abertura costuma ser rápido e prático (assista esse vídeo sobre a CMN 3919 e saiba da “patifaria” que os bancos tradicionais fazem todos os dias, quando não te oferecem uma conta corrente de serviços essenciais)
Agora, tome cuidado! Tem muita Fintech e Instituições de Pagamento (que são instituições financeiras parecidas mas que NÃO são bancos digitais) que se vendem como bancos. E, na verdade, não é bem assim.
Entendendo Fintechs e Instituições de Pagamento
Uma coisa que muitos brasileiros não sabem é que nosso Sistema Financeiro Nacional é enorme e complexo, repleto de instituições. Ele é dividido em 3 categorias: Normativos, Supervisores e Operadores.
Resumindo, os normativos são aqueles que fazem as normas, leis e regras do sistema, o CMN é um deles, ele que define a Taxa Selic por exemplo. Os Supervisores são aqueles que fazem a lei valer, que fiscalizam e investigam fraudes e golpes aplicados pelos membros do Sistema Financeiro, os mais importantes para nós são o Banco Central e a CVM. O Banco Central investiga, supervisiona e pune as instituições financeiras, como os Bancos que não respeitam as leis, por exemplo, se você for em qualquer um dos bancos tradicionais e pedir uma conta corrente gratuita, pela CMN 3919, e ele se recusar, você pode denunciar eles para o Banco Central (mais sobre isso clique aqui).
Já a CVM é responsável por fiscalizar as Corretoras e Distribuidoras de Valores que são empresas que atuam na Bolsa de Valores, pra quem for investir em títulos públicos ou ações, ou colocar suas economias num Fundo de Investimentos, é a CVM que vai garantir que não sejam aplicados golpes, mas você também precisa fazer sua parte, denunciando golpistas e se informando (mais sobre como se proteger de fraudes de investimentos, clique aqui).
Mas os mais importantes são os Operadores. São com eles que nós, clientes, nos relacionamos todos os dias. São eles que podem tornar a nossa vida mais fácil ou um inferno! Os operadores são todas as Instituições Financeiras que prestam serviços aos clientes: Conta Corrente, pagamento de boletos, emissão de cartão de crédito, intermediar operações de investimentos na Bolsa de Valores, linhas de crédito (empréstimos e financiamentos), oferta de produtos de investimentos em renda fixa como CDB ou Poupança e, assim por diante. Dá pra perceber que são muitos serviços e muitas alternativas. Se uma empresa presta apenas um ou outro serviço específico, ela é uma Instituição Financeira. Se ela oferece muitos tipos de serviços, ela pode vir a ser um Banco ou Corretora de Valores... E por aí vai.
Dentro desses vários tipos, temos que nos atentar a dois tipos de Instituições Financeiras: as Fintechs e as Instituições de Pagamentos. Ambas são parecidas inclusive, e como são “coisa” nova no ramo, se utilizando de App’s principalmente, acabam se confundindo com os Bancos Digitais, MAS, não são. Não são porque a principal característica de um Banco, seja ele digital ou tradicional, é ter uma Conta Corrente, que te permita fazer saques, depósitos e transferências - a partir do momento em que você precisa pagar para depositar seu dinheiro, mesmo que uma taxinha que seja, já não é mais banco.
Por isso, as empresas que atuam com Cartão Pré Pago, que tem aqueles App’s em que você pode depositar dinheiro e usar esse app para fazer pagamentos com o celular (tipo lendo QrCode ou por aproximação), instituições que te pagam tantos % da D.I.* para o dinheiro que ficar parado na conta do App, são todas FinTechs ou Instituições de Pagamento.
Fintechs são instituições financeiras que utilizam de tecnologia para oferecer facilidades e inovações financeiras, a maioria delas atua com empréstimos, financiamento coletivo, empréstimo entre pessoas (famosa vaquinha virtual) e assim por diante. Ou seja, confunde mesmo.
As Instituições de Pagamento são aquelas que focam na facilitação do pagamento e emissão de boletos, algumas são bem famosas, como a PayPal, PagSeguro, BoaCompra e a Ebanx, que intermediam e emitem os boletos quando a gente compra algo pelo AliExpress, na loja do Playstation ou na Steam.
Agora, uma coisa seja dita, nada impede essas empresas de “evoluírem” para bancos digitais. O PagSeguro fez isso e se tornou o PagBank.
Mas então… Por que é importante saber diferenciar bancos de outras instituições financeiras? Se, no fim das contas, usamos ambas para o mesmo motivo: depositar o dinheiro, para depois ir gastando ele.
Realmente, quando este é o único objetivo, qualquer empresa financeira atende. Mas não é só pra isso que elas servem. Hoje em dia, muita gente vem fazendo uso de fintechs ou instituições de pagamento como reserva de segurança (devido à remuneração pelos 150% ou 200% da D.I.). E isso é muito perigoso - se você não souber onde está colocando seu dinheiro.
Acontece que é importante fazer essa distinção por motivos de segurança. Afinal, é fundamental ter segurança onde você deposita o seu “suado” dinheirinho, não é? Você quer ter certeza de que a verba estará lá amanhã ou depois de amanhã. E é exatamente nesse ponto que mora o problema.
Empresas como a PicPay ou PayPal, são instituições de pagamento e fintechs - pois oferecem soluções e facilidades financeiras com tecnologia.
Você até pode deixar seu dinheiro lá, usar ele para pagar contas e receber transferências. Mas, como já explicamos, isso não é uma conta corrente.
Seu dinheiro depositado nesses apps não faz parte do sistema financeiro do Banco Central (pelo menos não até o momento; isso sempre pode mudar).
Além disso, mesmo que alguma dessas Fintechs ou IPs (Instituições de Pagamentos) ofereçam uma rentabilidade para você deixar o dinheiro lá parado (100% ou 200% da D.I.), não quer dizer que eles sejam bancos. Portanto, seu dinheiro ali está arriscado. Caso a empresa quebre ou perca seu dinheiro, ou sua conta seja invadida por hackers, é um problema entre você e a empresa. Não vai adiantar muito reclamar com o Banco Central. E o FGC não vai devolver o seu dinheiro.
Então o risco do prejuízo é todo seu! (Veja a reportagem recente sobre os processos judiciais que o PicPay está enfrentando)
Resumo dos Tipos de Contas:
No próximo post a gente vai entender os Riscos envolvidos nas contas digitais. Te vejo lá!
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