Esse é um termo que a grande maioria dos investidores brasileiros nunca ouviu falar e provavelmente não sabe, ele anda de mãos dadas com um conceito econômico financeiro fundamental nas Finanças Corporativas, o Custo de Oportunidade, que na matemática financeira e análise de investimentos leva outro nome, Taxa Mínima de Atratividade (TMA).
Pois é, um monte de nome pra definir a mesma coisa, famoso economês complicando tudo.
Por isso, nesse artigo de hoje vamos desvendar essa que é uma das informações mais importantes da sua vida! (e não estou exagerando nessa afirmação)
Custo de Oportunidade e Taxa Mínima de Atratividade
Custo de oportunidade é um conceito econômico que envolve situações em que temos de decidir entre uma coisa ou outra, não podemos decidir pelas duas ao mesmo tempo, quando nos vemos nessa situação que temos que escolher a melhor alternativa dentre 2 ou mais opções, temos o Custo de Oportunidade. No mundo dos investimentos temos uma infinidade de opções de investimentos, assim sendo, estamos sempre diante dessa questão do custo de oportunidade, sempre que escolhemos fazer uma aplicação estamos abrindo mão de todas as outras e, portanto, temos que escolher corretamente a opção mais vantajosa para nós, pois muitas vezes não dá pra voltar atrás depois que o investimento for feito.
Curiosidade: a Taxa Mínima de Atratividade, muitas vezes, nada mais é do que o Custo de Oportunidade em termos percentuais, por exemplo, 7% ao ano.
Mas como funciona isso?
Vamos pegar um exemplo bem básico, imaginemos que eu tenha R$5000 para investir e apenas duas opções: um investimento que rende 5% ao ano com baixo risco e com aplicação mínima de R$1, que eu posso restagar após 1 dia úitl (liquidez d+1). A outra opção rende 7% ao ano mas eu só posso resgatar no final de 1 ano (liquidez no vencimento) e a aplicação mínima é de R$500. Para saber meu Custo de Oportunidade eu verifico qual é a opção mais universal de investimento e de menor risco, que nosso exemplo simplificado é bem óbvio, é a opção de 5% ao ano.
Em seguida eu verifico o tempo das outras opções (aqui é a parte crucial, o tempo), que no nosso exemplo é de 1 ano a duração do investimento de 7% (pois a liquidez é somente no final). Agora, eu tenho a referência de tempo, 1 ano, e a rentabilidade de referência, 5% ao ano.
Basta calcular então quanto renderia meu investimento de R$5000 sobre 5% durante 1 ano, para saber meu custo de oportunidade: R$5000 x 5% x 1 ano, temos R$250 de lucro possível. Esses R$250 são o que então? São o quanto eu consigo nesse cenário, garantidamente, ter de retorno se eu investir meu dinheiro por 1 ano. Pois o investimento de 5% é de baixo risco, com liquidez diária e baixo risco, e com apenas R$1 de aplicação mínima podemos afirmar que, no nosso exemplo, ele é universal. Qualquer um nesse exemplo consegueria investir nele.
Agora que temos uma referência, R$250 ou 5% ao ano (quando colocamos o custo de oportunidade em termos percentuais % ele passa a se chamar TMA), todos os outros investimentos que surgirem para mim, tem que render mais do que isso para serem vantajosos, afinal, sem esquentar a cabeça e me arriscar, com apenas R$1 real eu consigo ter 5% de lucro no ano.
Parece coisa de louco? Pois no nosso país temos ao menos duas opções de investimentos bem simples, de baixo risco e universais como essas: a Poupança e os Títulos Públicos Federais (famoso Tesouro Direto).
Qualquer brasileiro consegue abrir uma poupança com apenas R$1 e de cara receber o equivalente à 70% da Taxa SELIC (acesse aqui nossa tabela simplificada de rentabilidade da poupança). A poupança tem liquidez diária e risco quase zero, mas tem um porém, se você resgatar ela antes de 30 dias, ela não rende nada. Além disso, com menos de R$50 e uma conta numa corretora ou banco de investimentos, você pode investir pela plataforma Tesouro Direto do governo federal e comprar títulos de dívida pública federal, esses investimentos tem baixo risco e rendem proporcionalmente à taxa SELIC.
Isso nos permite fazer a seguinte definição para o Brasil, a Taxa SELIC é nossa base de custo de oportunidade no mundo dos investimentos, pois existem aplicações acessíveis que rendem proporcionalmente à SELIC. Assim sendo, podemos dizer que a Taxa Mínima de Atratividade do Brasil é mais ou menos a taxa SELIC.
Então é só isso? Não...
Rentabilidade Mínima Aceitável
Agora que compreendemos o que é Custo de Oportunidade e TMA, vamos ao conceito desse artigo, a Rentabilidade Mínima Aceitável. Acontece que apenas investir em algo que rende o custo de oportunidade, ou, a taxa SELIC não basta num país como o nosso, pois temos um certo "probleminha" chamado Inflação.
Quando vamos definir a Rentabilidade Mínima Aceitável estamos dizendo para o nosso planejamento de investimentos, quanto um investimento precisa render, no mínimo, para nos deixar satisfeitos. E o que é satisfeito? Logicamente, é render mais do que o mínimo universal, o custo de oportunidade como debatemos agora há pouco. Porém, se investirmos em alguma coisa que renda apenas um pouco a mais do que a Taxa SELIC não basta pois temos outras variáveis que precisam ser consideradas, a mais importante é a inflação.
A inflação é, resumidamente, o quanto em média variou o nosso custo de vida, portanto, quando a inflação é de 10% ano ano, significa que em média o custo de vida aumentou 10%, assim sendo, se hipoteticamente um investimento render 15% no ano, na prática, eu lucrei apenas 5%, pois o dinheiro que eu recebi no final do ano não compra a mesma quantidade de coisas que ele poderia comprar no começo do ano.
Isso nos diz que um investimento precisa não só superar o custo de oportunidade, que é a Taxa SELIC, como também a Inflação, afinal, um investimento só é investimento quando você sacrifica dinheiro e tempo no presente para ter mais dinheiro e tempo no futuro, mas se esse dinheiro no futuro não tiver o mesmo poder de compra, não valeu a pena.
Portanto, a Rentabilidade Mínima Aceitável no Brasil precisar ser uma combinação de Taxa SELIC e IPCA (que é o nosso índice oficial de inflação). Mas calma, que tem mais um último detalhe: o risco.
Definimos que, um investimento no mínimo possível precisa render algo próximo à Taxa SELIC, qualquer coisa que renda menos do que isso não vale a pena. Além disso, definimos que pra começar a valer a pena mesmo, ele precisa nos pagar mais do que a inflação, para que nosso dinheiro compre mais coisas no futuro. Porém, não podemos nos esquecer que a grande maioria dos investimento tem risco, a probabilidade das coisas não ocorrerem como o esperado.
Portanto, além de tudo isso temos que inserir o Risco na conta, afinal, investimentos mais arriscados precisam render mais para compensar e as alternativas menos arriscadas não precisam render tanto a mais.
Para inserir o Risco nós temos algo chamado Coeficiente de Risco que vai multiplicar a Taxa SELIC, o CR é um número que começa a partir do 1, o investimento mais "seguro", teoricamente, da nossa economia são os Títulos Públicos Federais, portanto o Coeficiente de Risco deles é 1 (pois 1 vezes a Taxa SELIC vai dar igual a Taxa SELIC).
Todos os outros investimentos tem um CR maior do que 1, quanto mais arriscado maior o CR. Não há um consenso, diga-se de passagem, mas nós da F Fatorial tentamos elaborar uma planilha resumida com algumas sugestões de CR para os principais investimentos disponíveis no nosso mercado financeiro.
Você pode colocar o CR que você quiser contanto que não desrespeite a lógica de que 1 são para títulos públicos e todos os outros devem ser maior do que 1.
E agora sim, temos uma boa idéia para definir a Rentabilidade Mínima Aceitável:
Rentabilidade Mínima Aceitável é o quanto um determinado investimento precisa render para compensar seu Risco, igualar ou superar a Taxa SELIC e a Inflação medida pelo IPCA.
Isso nos dá a seguinte fórmula: RMA = (Taxa SELIC x Coeficiente de Risco ) + IPCA
E como eu aplico isso nas minhas decisões de investimentos?
Primeiro, basta acessar nossa calculadora de RMA gratuita e online, nela você vai ter diversas sugestões de CR para os investimentos e ela mesmo já faz a conta pra você.
Nela basta preencher as células azuais, nelas você vai inserir a Taxa SELIC e a estimativa de IPCA que você pode buscar no site do Banco Central do Brasil, bcb.gov.br (caso o investimento tenha correção monetária, ou seja, ele vai pagar uma taxa de juros + a variação da inflação, basta deixar com 0 na planilha), depois coloque o Coeficiente de Risco (várias sugestões de CR constam na tabela). Colocadas essas informações a calculadora vai te dizer a Rentabilidade Mínima que um investimento precisa te pagar no ano ou no mês para ser aceitável (essas instruções e todos os links estão disponíveis na calculadora).
Em seguida, você compara com o valor que foi anunciado no investimento que você está analisando, ou, pode usar a segunda parte da nossa calculadora colocando o rendimento que foi anunciado na célula laranja, que ele automaticamente desconta o IR, se houver, e compara para você com a sua recentemente calculada RMA, já te dizendo se vale a pena ou não. Muito prático e simples, sem precisar se estressar com contas de matemática financeiro complicadas.
Vamos então exemplificar: imaginemos que a SELIC no período que eu estou analisando está em 5% ao ano e a estimativa de IPCA em 4%. Eu acesso meu app da corretora e vejo uma opção de LCA que paga 10% ao ano. Vale a pena fazer esse investimento?
Acesso a calculadora e verifico que o CR da LCA é de 1,1. Coloco então 5% na célula da SELIC, 4% na aba de inflação, deixo 0 na aba de imposto (pois LCA é isento) e coloco 1,1 na aba de CR. A calculadora vai me dizer os seguintes RMAs: 9,5% ao ano e 0,78% ao mês.
Agora é só comparar, se o LCA me promete 10% no ano e meu RMA no ano é de 9,5%, esse investimento rende 0,5% a mais, portanto, ele vale a pena. Simples e prático. Se eu colocar 9,5% na comparação da calculadora vou ver a mesma conclusão.
E é assim que se analisa se um investimento foi bom ou não (bem melhor do que perguntar no grupo do facebook não acha?).
Agora, se ele é a melhor opção para o seu plano de investimentos, o mais adequado ao seu perfil e objetivos, daí é um papo para outro artigo. Te vejo lá! Grande Abraço e bons investimentos.
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